segunda-feira, janeiro 09, 2006

Serviço Nacional de Saúde


Como já disse anteriormente, recentemente naturalizei-me português, pelo que sou abalroado com diversas piadas de portugueses. Algumas têm tanta piada que à vezes até parece que não são verdade. P.ex. Aquela do Russo, do Escocês, do Francês e do Português:

O Russo, de manhã, acorda, mete a garrafa do vodca debaixo do braço e vai para a bicha do eléctrico para ir para o trabalho.
O Escocês, de manhã, acorda, mete a garrafa do Whisky debaixo do braço e vai para a bicha do autocarro para ir para o trabalho.
O Francês, de manhã, acorda, mete a garrafa do vinho debaixo do braço e vai para a bicha do metro para ir para o trabalho
O Português, de manhã, acorda, mete a garrafa do mijo debaixo do braço ao lado do "Record" e vai para a bicha do posto de saúde para lhe darem baixa e para não ir trabalhar.

Pois bem, como bom ( e recente) português, resolvi hoje averiguar até que ponto é que estas coisas da saúde são assim mesmo maquiavélicas...

Calhou então que hoje fiquei aflito das minhas costas. Liguei para um senhor que é massagista e onde costumo ir quando estou meio "crenco" das minhas costas que me disse que fiz uma contratura num músculo lombar. Deu-me umas massagens, aplicou-me uma pomada e mandou-me para casa descansar. Porreiro...

Assim fiz... mas como achei que amanhã talvez não estivesse em condições de ir trabalhar só com uma massagem e uma pomadita, resolvi antes passar no posto médico da minha zona de residência e falar com um médico para explicar a situação. Aí, se ele achasse que eu deveria ficar a descansar um dia ou dois, então passar-me-ia um atestado e pronto. (...parece simples, né?)

Bom, entrei no posto de saúde e perguntei a uma senhora que estava num guichet onde expliquei o meu assunto e onde me poderia inscrever para ser visto por um médico, qualquer coisa tipo SAP ou urgências. A senhora olhou-me de soslaio e disse-me. "- Tem de ir ao guichet com o nome do seu médico e perguntar aí...".
Expliquei à senhora que, apesar de devidamente inscrito no posto, não tinha médico de familia(se é que ainda se chamam assim...) e reforcei que apenas queria falar com um médico até porque já tinha sido observado por um profissional e a minha questão prendia-se apenas com o facto de poder eventualmente não me sentir melhor amanhã. E como se tratava de uma lesão muscular, talvez fosse melhor não me levantar de madrugada e meter-me ao frio numa fila de posto de saúde. Ao que a senhora me respondeu de uma forma demasiado acutilante para a minha educação:
"- Isto aqui não é um centro de atestados... isto é um posto de saúde para pessoas doentes. Se quer um médico e não tem médico de familia vá ao guichet do apoio ao utente e ..."
Fiz-lhe sinal com a mão para parar e interrompi-a, dizendo...
- Olhe... espere um pouco... fazemos antes assim... esqueça tudo o que lhe disse...vamos começar de novo...

Recuei um passo e avancei de novo, sorrindo, fiz aquele meu ar de palestiniano numa paragem de autocarro e disse:

-Boa tarde, minha senhora, estou com uma dor nas costas e preciso de ser visto por um médico. Está aqui o meu cartão de utente e quero inscrever-me para o SAP, por favor... Quanto é?

Devo ter feito um ar pefeitamente convincente pois a senhora olhou-me com um ar meio assustado, tipo "este gajo pode ser perigoso. vou mas é atendê-lo antes que ele se rebente p'raí e me suje isto tudo..." e recebeu-me o cartão, fez a inscrição, paguei 2 Euros e picos e pronto. Realço ainda as outras pessoas que se encontravam no átrio que sorriram entredentes e quiçá, se não devem ter pensado o mesmo que ela...

Depois deste episódio ainda esperei um bom par de horas para ser atendido e só tinha 3 pessoas à minha frente... razão: só havia uma médica a atender...

Fui finalmente atendido, por uma médica bastante atenciosa a quem expliquei o meu caso todo, que me re-avaliou, detectou a mesma contratura muscular, receitou-me uma injecção que me deram ali mesmo no posto e que me disse para eu ir para casa descansar hoje porque amanhã estaria melhor de certeza. E se não estivesse para voltar que seria atendido sem qualquer problema.


Moral da história:

Quando se falar com a recepcionista de um centro de saúde, não complique... fale o estritamente necessário para ela o levar a alguém que consiga entender palavras polisilábicas.

E agora vou-me deitar a descansar e a ver se amanhã já estou melhor para ir trabalhar pois, apesar de já ser português, ainda não consegui absorver totalmente o espirito da "urina debaixo do braço..."

Abraços Moinantes

1 comentário:

Anónimo disse...

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