domingo, novembro 02, 2008

A história do peixe que vivia fora de água (...and the life goes on...)


Era uma vez um homem que tinha um peixe.

Um normal peixinho dourado de aquário de quem o homem gostava de ter perto de si... mas como não era muito prático andar com o aquário para todo o lado, o homem teve uma ideia: procurou tentar ensinar o peixe a respirar fora de água...
Um dia chegou a casa , e retirou o peixe do aquário por uns 5 segundos, o peixe "escaudeou" (o equivalente ao espernear de um aninal que, não tendo pernas, tem uma cauda...) e tornou a colocá-lo na água e o peixe nadou normalmente, sem problemas.
No dia seguinte, fez o mesmo, mas por uns 10 segundos e o resultado foi o mesmo.
Pouco a pouco, foi aumentando tempo gradualmente e o peixe foi-se habituando a estar fora do aquário por longos períodos...

Um dia, o homem achou que estava na hora de levar o seu amigo para o emprego, uma vez que o peixe já se aguentava fora do aquário por várias horas.
Assim, colocou-o no bolso e saiu para o emprego onde passou um belo dia na companhia do seu amigo peixinho dourado.
No final do dia, quando voltava do emprego, à saída do autocarro, deu um encontrão numa pessoa que ia a entrar e o seu peixe caiu-lhe do bolso, para dentro de uma poça de água.

Quando ele se baixou para o apanhar, o seu amigo, peixinho dourado, tinha morrido... afogado.


Esta pequena história, com laivos de total idiotice, demonstra subliminarmente algumas coisas de relevante importância. Como entendo que a maior parte dos meus leitores não tenha a capacidade de perceber que coisas são essas, vejo-me na necessidade de ter de explicar.
Bom, como já devem saber, já passaram alguns dias desde a minha situação de separação ocorreu e a coisa já vai retomando algum equilibrio... tal como peixe, eu estou a habituar-me a respirar fora de água.
No entanto, viver sem a minha mulher e as minhas filhas perto de mim, fazem-me sentir a mirrar e a esmorecer lentamente, mas tal como o peixinho da história, em momentos de necessidade, conseguimos encontrar capacidades desconhecidas ou adormecidas e acabamos por criar mecanismos para nos proteger e adoptamos novos hábitos em função do um novo ambiente em que nos encontramos...

Assim, estou lentamente a conseguir voltar a "respirar" e a encontrar forças e motivação que confesso já nem me lembrar que as tinha e por isso, decidi refazer a minha vida a partir daqui.

No entanto, refazer a minha vida não significa abdicar das coisas que mais quero na vida. Vou fazer de tudo para que não me habitue a esta vida de pseudo-solteiro e sobretudo, vou fazer de tudo para consiguir ter a minha familia de volta e, novamente tal como o peixinho da história, tentar fazê-lo antes que elas se habituem a viver sem mim, eu sem elas ou ambas...

Creio que a única forma de poder voltar a estar junto da minha família de uma forma saudável e equilibrada para todos passa muito por reorganizar a minha vida, vida essa que tem estado um monte de farrapos soltos e sem rumo, que deixaram marcas profundas a todos os que me rodeavam, sobretudo os mais de perto.
Assim, decidi reaver a minha identidade, retomar os meus projectos de vida e de trabalho e com eles a alegria, boa disposição e alguma parvoíce com que fui brindando as pessoas que privam comigo e o mais importante, tentar demonstrar à minha familia de que ainda valho a pena...


...and the life goes on...

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