sábado, outubro 30, 2010

O fado da mãezinha...

"O Fado da Mãezinha", tal como amigavelmente tantos dos meus pobres ouvintes de noites de copos, fados e guitarradas o titularam, tem sido um exlibris do meu fraco e lamentável reportório...

Nota literária:
Esta última frase é um exemplo do que em literatura se designa por um pleonasmo vicioso... ou seja, ao referir-me a "meu reportório" seria mais que suficiente para que se tornasse desnecessário de o adjectivar de "fraco e lamentável"...
Fim de nota

Este faduncho entrou na minha vida quando eu tinha os meus 5 ou 6 anitos através de uma pequena cassete branca de fados que os meus pais tinham em casa e que eu ouvia num pequeno rádio cinzento da Normende do meu pai. Como a nossa única fonte de música nessa altura era a rádio que passava a música que eles queriam e não a queríamos ouvir e que mais interactivo que podíamos ter era o "Quando o Telefone toca!", a capacidade de ter uma cassete que tocava a música que eu queria, quando eu queria, era um clímax (ainda que não soubesse o que isso era, sabia bem...). E mesmo que a cassete fosse de fados, era um momento mágico para mim... (agora imaginem se fosse do José Cid ou do Paco Bandeira... ui,ui...)

Mas adiante...
Apesar de felizmente o meu lar ser abençoado e de não haver cenas de pancadaria entre os meus pais, gostei sempre muito deste fado pois era cantado com uma mágoa e com uma dor que até uma criança de 5 ou 6 anos achava que aquilo tinha ali qualquer coisa de mágico.

Os anos foram passando, a cassete branca desapareceu por entre as restantes cassetes do meu ZX Spectrum e apenas ficou a memória. A memória da letra e da música. E quando comecei a tocar guitarra com os meus 16 anos, nunca me passou pela cabeça tentar aprender "o fado da Mãezinha", mas os anos passam e com alguma (pouca...) técnica, acabei por me lembrar da melodia e da letra do fado e comecei a tocá-la e a cantá-la em reuniões de amigos e familia.

O momento supremo acabou por se dar quando, numa passagem de ano, uma amiga se desfaleceu em lágrimas enquanto cantava o fadinho... ainda hoje não sei ainda se tal se ficou a dever ao tom triste e melancólico da melodia juntamente com uma letra forte e marcante, acumulado pelo facto de eu a interpretar com uma alma de fadista... ou se, por outro lado, se ficou a dever a quantidades difíceis de mensurar de alcool que ela bebeu antes...

(curioso que penso nisto... lembro-me que alguem se vomitou todo nessa noite, mas não me lembro quem foi...)

Bem, mas hoje foi então o dia que acabei por deitar por terra muitos dos meus mitos de infância e resolvi fazer uma pesquisa profunda sobre o faduncho quando tenho mais um desapontamento na vida:

"O fado da mãezinha" afinal é o fado do "Paizinho"!!

Mas pronto, afinal este é mesmo só um promenor sem importância nenhuma... e com o casamento gay, este faduncho deve acompanhar os tempos e pronto... O pai a bater na mãe é uma coisa do século passado... agora o que está a dar é o pai a bater no outro pai que Às vezes faz de mãe... ou vice-versa... (seja lá "vice-versa" o que quer que seja numa relação gay...)

Deixo-vos a letra do fado (gentilmente copiada do blog fadosdofado.blospot.com ). Parece lamechas mas vou tentar encontrar a música e postar aqui no blog na barra lateral ou algo que o valha...

Abraços Moinantes

Paizinho
*Noite desditosa*

António Fonseca / Casimiro Ramos *fado freira*
Reportório de Manuel Dias

Certa noite desditosa
No meu lar abençoado
Esta cena se passou;
Zanguei-me com minha esposa
E no momento irado
Bati-lhe, e ela chorou

Nesse momento, e por fim
Depois de tudo acabar / Entre lágrimas e ais
Alguém se abraçou a mim
E me pediu, a chorar / Paizinho não batas mais

Tive tanta piedade
Quando o ouvi dizer também / Olha que se ouve na rua
Paizinho, por caridade
Não batas na minha mãe / Tem pena, recorda a tua

Minha mãe, tanto me encanta
Foi ela que me criou / Diz chorando, a criancinha
Não batas naquela santa
Que tantas vezes tirou / Da boca dela p´ra minha

Dôr igual nunca senti
Quando vi na criancinha / Tão nobre sentir aquele
Com mil beijos prometi
Não bater mais na mãezinha / Chorando abraçado a ele

quinta-feira, setembro 23, 2010

O dia em que não morri, porque os tempos eram outros...

Curioso...

hoje tomei conhecimento através do Facebook e do blog Dias Úteis, uma infeliz (porém feliz...) história de um desencontro no primeiro dia de escola. um entrada numa carrinha errada e estava armada a confusão. Podem ler aqui neste link... aconselho mesmo a que leiam primeiro, pois ajuda a enquadrar o meu texto abaixo...

Felizmente, a filha do autor acabou por aparecer e de saúde, num ATL errado ( incrivel...) e a história acabou bem... e o ponto de vista é do pai que perde a filha, ainda que por 2 horas...

Uff... sou pai de duas meninas de 7 e 11 anos e nem quero imaginar o que ele sentiu...

Porém esta história trouxe-me à memória uma outra história que se passou comigo, no longínquo ano de 1982... Convido-vos a lerem esta minha história e poderem ter um pouco a visão do "outro lado da barricada" (o lado de quem se perdeu...), com a devida distância de quase 30 anos...

Enjoy...

Um (in)feliz (des)engano

Durante o período de escola primária, segui um percurso que se pode chamar como normal com características próprias mas sempre dentro do que se pode querer para uma criança entre os 7 e os 10 anos: bom aluno, algo distraído, reservado mas gradualmente a sair debaixo das saias da mãe e descobrir um mundo inteiro que estava à minha espera.

Vivia então num dos suburbios de Lisboa, Mem-Martins, que em 1982 ainda uma pacata aldeia em que toda a gente conhecia quase toda a gente.

Quando uma mãe (ou um pai…) é muito protectora podemos correr o risco de se criar uma criança que, logo que se veja livre dos apertos e das limitações que lhe são impostas, saia a correr porta fora e se atire de cabeça para tudo o que seja novo e desconhecido, em função da curiosidade natural que tem uma criança. Muitas destas crianças tornam-se rebeldes, rodeiam-se de más companhias e são como uma espécie de íman para sarilhos…

Seguramente que soube sair suavemente da minha “prisão dourada” e ao longo da minha escola primária fui “arrebitando”.

Com o facto de os meus pais estarem a trabalhar e de eu apenas ter escola de manhã, comecei a ter liberdade para me aventurar com os meus amigos e começar a sair da “concha” onde tinha estado tanto tempo.
E creio que esta saída progressiva desta concha me foi claramente benéfica, pois quando terminei a escola primária, que ficava praticamente no fundo da rua, fui colocado na Escola Preparatória Visconde Jeromenha, onde hoje é uma selva de betão chamada Tapada das Mercês, mas que antes era uma real Tapada, com um pinhal gigante (sim, sem prédios...).

A E.P. Visconde Jeromenha era assim uma daquelas escolas novas do novo regime, com inúmeros pavilhões, polidesportivo, campo de jogos e… ficava no meio de uma mata, sem nada por perto!
Para ir para lá, o acesso era feito em camionetas da antiga Rodoviária Nacional (aquelas brancas e cor de laranja…), e havia três linhas: Rio de Mouro, Mira Sintra e São Carlos. Ora como eu morava em São Carlos, Mem-Martins, o que tinha de fazer era apanhar uma camioneta cheia de miúdos e seguir para uma escola com ainda mais miúdos, com mais de 120 salas de aula e 9 professores para cada turma, ao contrário da minha pacata escola primária, com duas salinhas de aula e 1 professora que sempre acompanhou a minha escolaridade até então.

A minha mãe, obviamente, encheu-me a cabeça de monstros e problemas e de bandidos… uff… mas a custo, lá me foi comprar o passe e lembro-me perfeitamente do meu primeiro dia de escola.
De manhã, lá estava eu na paragem da camioneta, com mais um monte de miúdos, e quando vi que conhecia alguns deles, fiquei mais tranquilo pois pelo menos não estava completamente sozinho. Entrei para a camioneta e como era das primeiras paragens ainda dava para arranjar lugar sentado, mas ao longo do percurso, a coisa foi enchendo, enchendo, que comecei a ficar preocupado com a quantidade de gente que ali estava e que eu nem fazia ideia quem eram.
Cheguei à escola e fiquei completamente do tamanho de uma ervilha: eram milhares de crianças de todas as cores, formas e feitios e eu não fazia a menor ideia quem eram, como se chamavam nem como eu havia de me integrar. Encontrei com grande dificuldade a sala de aula onde tive a minha apresentação com a directora de turma. Era a minha professora de inglês o que me deixou um pouco mais tranquilo porque era uma disciplina que eu ansiava muito por ter. Explicou-nos como as coisas se processavam dentro da escola, um pequeno mapa com os números das salas e as suas localizações (muito útil…) e sobretudo era uma pessoa simpática. Até mais simpática que a minha professora da primária… e bem mais nova!

Nesse dia tivemos mais 4 aulas de apresentação e as coisas foram correndo na medida do possível. Os intervalos de hora a hora eram meio estranhos pois não sabia bem o que fazer nem conhecia ninguém na minha turma. Sentia-me meio deslocado e do género de quando entramos num elevador com outra a pessoa e não sabemos bem o que dizer… Aqueles silêncios desconfortáveis…

As aulas acabaram pelo meio-dia e nesse dia não tinha aulas de tarde pelo que agora restava-me voltar para casa e esperar que o percurso inverso fosse tranquilo e sem percalços.
A paragem das camionetas era no largo em frente à escola e alinhavam-se em 3 paragens. Quando cheguei vi duas camionetas completamente cheias e uma delas ainda com lugar para sentar. Por isso, não hesitei e, entrei e sentei-me. O motorista chegou e em pouco tempo estávamos a andar. No entanto, achei algo estranho o facto de não estar a reconhecer o caminho, mas como nunca tinha necessidade de estar atento a caminhos ou estradas antes, admiti a possibilidade de estar a fazer um percurso diferente, mas com o destino que pretendia.
No entanto, a camioneta chegou a uma paragem onde saiu toda a gente e o motorista, ao ver-me sentado ainda, disse-me que era a última e que tinha de sair.

Fiquei em pânico, quase paralisado e subiu-me todo o sangue à cabeça.

Saí da camioneta e não fazia a menor ideia onde estava! Foi então que descobri que tinha apanhado a camioneta errada!

Olhei em volta e estava completamente perdido, num sitio chamado Rio de Mouro, a mais de 10 kms da minha casa e não fazia a menor ideia de como sair dali.

Pela primeira vez na minha vida estava dependente apenas de mim e das decisões que tinha de tomar. E Foi nesse preciso momento da minha vida que estava numa encruzilhada e tive de escolher para que lado havia de seguir.
Voltei à paragem onde estava a camioneta e perguntei a um motorista como fazia para ir para Mem-martins e ele disse que havia uma camioneta que saía de Rio de Mouro para Mem-Martins, de meia em meia hora.

OK! Estava safo…

Esperei pela camioneta, vi que dizia “Mem-Martins”, e ao entrar mostrei o meu passe e o motorista mas aí ele disse-me que aquele passe não servia para utilizar aquela camioneta… Era um passe escolar e ainda por cima não era para aquele percurso.

Uff… outra vez perdido… estava a desesperar…

Enchi o peito de ar e do fundo da minha até então timidez, perguntei-lhe então como podia fazer pois o queria era ir para Mem-Martins, pois tinha-me enganado na camioneta quando saí da escola e estava a ficar aflito…
Devo ter sido bastante convincente pois o senhor foi bastante simpático e foi comigo até à paragem da camioneta que voltava para a escola. Falou com o colega e disse-lhe para que me levasse de volta à Escola e que me deixasse usar o meu passe (que até não dava para aquele percurso…) e que quando lá chegasse me dissesse qual era a camioneta certa para ir para Mem-Martins.
Assim foi, voltei à escola, apanhei a camioneta certa e reconheci o percurso, e em 25 minutos estava na paragem ao pé de minha casa. Corri para casa, com “borboletas na barriga” e feliz por ter ultrapassado aquela dificuldade. A aventura tinha acabado, mas na realidade, outra mais grandiosa tinha começado para mim: o facto de passar a encarar a minha vida de uma forma muito mais abrangente e perceber que há mais mundo para além do nosso pequeno bairro...

No dia seguinte, nada mais me pareceu tão difícil, nem a escola, nem as viagens, nem os colegas, as salas, os professores... porque tinha passado por uma experiência no dia anterior que, não obstante as dificuldades, o medo que senti, o pânico, transmitiu-me uma coisa que eu nem sabia que tinha: Confiança. E uma pessoa confiante é capaz de fazer qualquer coisa… mesmo uma criança de 10 anos.

E em poucos dias fiz novos amigos, integrei-me e fiquei por dois anos naquela escola, sem mais enganos de camionetas. Outros enganos vieram, é verdade, mas de transportes, nunca mais me enganei.

terça-feira, abril 20, 2010

O Meu Photo Blog + O Livro do Moinantes



Caros

Tenho estado ausente da moinada mas voltei com um novo site de fotografia.
Sou um bocado tosco nas fotos mas ainda assim, quero partilhar com todos vocês algumas coisitas que vou tirando...

Assim podem visitar-me também em http://www.wix.com/arthurjohnalves/arthuralves

Em breve conto ter o meu próprio dominio mas até lá este é o caminho...

Apareçam, deixem mensagens e sugestões... e espero que se divirtam, como sempre...


Abraços
Moinantes

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Que mais será preciso?


Temos um tipo que diz que é engenheiro mas afinal não é.

Esse mesmo tipo é o que fez o inglês técnico a um domingo na Indepedente, por fax.

O mesmo tipo que num dia aparece num documento oficial da Assembleia da República designando-se como "Engenheiro" e no outro dia, nesse mesmo documento, já não aparece como "Engenheiro".

Esse mesmo tipo é também o que assinava os projectos numa capital de distrito do interior do país, mas que na realidade não os fazia.

É exactamente o mesmo tipo que aparentemente recebeu "luvas" para facilitar a construção de um famoso Outlett junto ao estuário do Tejo.

É também, o mesmo tipo aparentemente tinha o gabinete do Presidente da República sobre escuta.

O mesmíssimo tipo que, dia 19 de Junho de 2009, agora que se conhecem as escutas do caso "Face Oculta", ao ser informado dos movimentos de bastidores pelos seus boys para a PT adquirir a TVI e correr com o casal Moniz/Guedes, se mostrava "bem disposto..."

Por acaso, é o mesmo tipo que disse no dia 24 de Junho de 2009 (5 dias depois, sim...) após sessão "solene" na Assembleia da República, que nada sabia sobre as iniciativas da PT vir a adquirir a TVI.


Ah, pois é... e é também o mesmo tipo que, num restaurante de um hotel da capital, disse que o "o Crespo é um problema que se tem de solucionar", após um artigo bastante crítico do Mário Crespo, em relação a esse mesmo tipo.


Esse tipo move influências que passam pelo Presidente do STJ, Noronha do Nascimento, que o levaram a solicitar a destruíção de escutas onde se falava abertamente do "Chefe" a orquestrar um plano para controlar a Comunicação Social, à boa imagem do Chávez.

O que esse tipo não sabia é que o Noronha podia mandar destruir as provas alegando o que quisesse (no caso foi que "não havia indícios de matéria crimanal..."), mas não podia mandar destruir as do processo de Aveiro, onde o Noronha não pode meter o "bedelho". E como o Juíz do processo não deve ser parvo e detectou matéria que revelava indícios demasiado graves, não permitiu que a coisa fosse abafada.


E no fim, acabmos com esse tipo a vir dizer que "era o que falatava era ele ter de comentar peças de jornalismo de fechadura..."


Quanto à minha pergunta do inicio do post, deixo a resposta no ar.



Nota final e mais uma pergunta:

E se este "tipo" se chamasse Pedro Santana Lopes e o Presidente da República se chamasse Jorge Sampaio?