Ouvi hoje uma entrevista na rádio com o escritor António Lobo Antunes e às páginas tantas, Lobo Antunes referindo-se a Jorge Amado e ao facto de ele achar que Jorge Amado tinha sido melhor do que os seus livros, referiu um provérbio húngaro que achei delicioso:
"- Qualquer bocadinho, acrescenta. - disse o rato, e fez xixi no mar."
Pensei então na profundeza daquelas palavras...
Todos nós vivemos às vezes com aquela sensação de "O que faço aqui?" e por vezes ficamos tão vazios com o oco das nossas vidas...
Acredito que não devemos nunca sentirnos assim, pois temos o nosso espaço neste mundo e todos temos uma missão enquanto cá estamos... e nessa missão, somos importantes para alguém, temos uma familia, uma amizade, um ambiente...
...e mesmo que ainda assim nos faltassem todas essas coisas, o pensamento do rato do provérbio é efectivamente feliz e revela a preserverança de quem acredita...
E do provérbio, existe uma palavra que devermos guardar para esses momentos em que o mundo parece inteiro contra nós:
"Acrescenta"
Temos de facto o poder, por mais ínfimo que seja o nosso contributo para esta nossa fugaz passagem por este mundo, de acrescentar algo a alguém que nos lembrará por esse "acrescentar": Seja num livro, numa casa, num abraço, num palavrão, num filho...
...ou simplemente, num sorriso...
E como diria o grande Raul Solnado - "... Boa noite e façam o favor de ser felizes!"
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