Pois é, camaradas, hoje caiu por terra um dos meus mitos da adolescência...
Quando eu era miúdo, era assim:
Não tinha consciência social, não tinha conceitos do que seria a realidade da vida, que a minha vida se resumia a estar acordado ou estar a dormir, de beber cervejas ou TriNaranjus de laranja, que era um puto pouco imberbe, com um buço à Charles Bronson, inexperiente, sexualmente subaproveitado, com cara de idiota, que tinha a mania que era giro, que andava de bicicleta todo o dia e armado em parvo, de 16 anos (*), e que tinha a mania que era o Top Gun.
Não tinha consciência social, não tinha conceitos do que seria a realidade da vida, que a minha vida se resumia a estar acordado ou estar a dormir, de beber cervejas ou TriNaranjus de laranja, que era um puto pouco imberbe, com um buço à Charles Bronson, inexperiente, sexualmente subaproveitado, com cara de idiota, que tinha a mania que era giro, que andava de bicicleta todo o dia e armado em parvo, de 16 anos (*), e que tinha a mania que era o Top Gun.
(*) - aponto apenas que todos os adjectivos que me descrevem se mantêm perfeitamente actuais com excepção do buço à Charles Bronson que desapareceu e da idade que passou de 16 para 37...
O Top Gun, para quem não sabe, foi um filme que apareceu em meados dos anos 80 daqueles de aviões e de tipos de óculos escuros, casacos de aviador que conduziam motas rápidas e eram pilotos de aviões.
Um filmito daqueles que actualmente se podem comparar a um Camp Rock ou a uma Hanna Montana, mas com sexo e asneiras.
Mas quando eu era miúdo, aquilo era o máximo... e toda a gente queria ser o Top Gun... e eu também.
No entanto, ao fim de mais de 20 anos, descobri que afinal o Top Gun não é um filme de gajos másculos que sacam miúdas nos bares a cantar músicas dos Righteous Brothers nem conseguem ter sexo consumado (mesmo consumado, com "coisanço" e tudo...) com tipas louras e giras e pilotar máquinas caras e velozes. O Top Gun é antes sim uma sublimar história de homosexualidade bem ao jeito de um Brokeback Mountain...
Quentin Tarantino, um visionário que está para além do seu tempo, muito provavelmente devido ao consumo abusivo de substâncias alucinógeneas ilegais, consegui ver o Top Gun de uma forma completamente diferente.
Em vez de ver um monte de testosterona com óculos escuros e casacos de cabedal, ansiosos de sexo a dois (sim, porque sexo a um tem outro nome...) e de demonstrarem a sua virilidade com todos os adereços, Tarantino descobre um bando de paneleirotes reprimidos sem coragem de se assumirem e que despejam as suas frustações em aviões e motas de alta cilindrada.
Assim, se algum de vocês, tal como eu, se sentiu enganado pelo Tony Scott ( o realizador de Top Gun) e só agora descobriu que, em vez de ser um macho infeliz poderia ter sido um alegre paneleiro, lamento que pensem assim, mas ainda vão a tempo. Assumam-se, gaita...
Quanto a mim, lamentavelmente, já não me sinto com disposição de mudar a agulha e passar-me para o inimigo, pelo que me resta seguir o meu infeliz caminho de macho alfa, mas sem fêmea nenhuma... nem alfa, nem beta nem zeta... o máximo que posso esperar talvez seja uma femêa Visa ou Unibanco... e mesmo assim, não é fácil, pois elas desconfiam sempre de tipos vestidos de casaco de aviador e óculos RayBan...
Apenas fico apreensivo com todos aqueles miúdos de 16 anos que hoje vejo com cabelos à Jonas Brothers e que, quando chegarem aos 37 anos acabem por descobrir que afinal, o tipo da guitarra "abafava" a palhinha aos outros dois e que a Hanna Montana afinal é uma lésbica assumida danadinha por uma boa lingere de silicone... Abram os olhos, miúdos...
Pois bem, sigam então este link abaixo para um pequeno video de pouco mais de 2 minutos onde poderão ver a magnifica explicação do Tarantino, onde ele desmonta o Top Gun de uma forma simplesmente sublime.
Abraços Moinantes
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