domingo, fevereiro 26, 2012

...e o maluco sou eu!!

Há muitos anos atrás, era eu um miúdito ai com uns 11 ou 12 anos e fui com os meus pais visitar um parente que estava num hospital psiquiátrico.

Não me lembro onde era mas sei que era um edificio assim antigo, com aqueles corredores de tectos altos a as portas de madeira grandes... uma coisa imponente e muito silenciosa e vazia...
E como era ainda uma criança, não pude entrar para a visita mas a enfermeira disse que eu podia ficar numa salinha ali ao lado à espera que não havia qualquer problema...
Confesso que me impressionou um pouco a imponência quase palaciana do local e o silencio era algo assustador..

Ao fim de uns minutos, a aproximar-se gradualmente, comecei a ouvir alguém pelo corredor, fazendo um barulho gutural, berrando um som que deveria pretender assemelhar-se a um carro a acelerar, até que surge à porta da sala um individuo com um ar perfeitamente alucinado, segurando um prato de plástico azul como se fosse um volante de um carro.

Olhou-me com um olhar distante mas muito assertivo e perguntou-me, com uma voz assim meio entremelada:

- Olá... Tu sabes o que é isto? - mostrando-me o prato azul de plástico com as duas mãos na minha direção...

Era miúdo, estava sozinho, e confesso que fiquei algo assustado, pelo que me lembrei de uma frase que a minha mãe costumava dizer :"Filho, nunca se contraria um maluco!!".

Olhei-o assim de soslaio e envergonhado, na esperança de dar a resposta certa, e respondi-lhe com uma pergunta:

- É... é um carro?

Ele olhou-me com um ar de desapontamento e respondeu-me da mesma forma como tinha feito a pergunta, como um espirito ausente, de olhar no infinito e voz arrastada:

- Não!... É... um prato de plástico!!

...e arrancou a patinar, pelo corredor fora, acelerando ferozmente o seu "bólide", deixando atrás de si uma enorme nuvem de fumo imaginário e cheiro fingido a borracha queimada...

Sem comentários: